Ontem, pude ter o privilégio de ir à pré-estréia de “Batman vs. Superman: A Origem da Justiça” com minha esposa. E é muito prazeroso quando você pode compartilhar opiniões do que acabou vendo.
Quando a sessão terminou logo me vieram algumas questões na cabeça – algumas eu poderei argumentar aqui, outras, ficam para uma análise COM SPOILERS.
Mas, será que Zack Snyder conseguiu fazer com que o público se surpreendesse, mesmo com uma carga enorme de trailers, que de certa forma, entregaram pontos cruciais do filme? É o que veremos a seguir.
Só lembrando: FAVOR, NÃO POSTAR NENHUM TIPO DE SPOILER NOS COMENTÁRIOS, JÁ QUE O INTÚITO DESSA ANÁLISE É APENAS DIVAGAR SOBRE ALGUNS PONTOS DO FILME.
Zack Snyder é o tipo de cara que passa confiança quando vai adaptar de forma cinematográfica uma HQ. É só relembrarmos o que ele fez em Watchman e 300. Cada quadro. Cada take de câmera era como se estivéssemos “assistindo” ao quadrinho.
E em “BvS” não é diferente. Mas aqui ele se supera em um ponto: trazer aquela aura de tormento que nenhum outro Batman do cinema conseguiu até hoje. Tudo o que tínhamos visto até hoje no cinema referente ao Batman, era um cara super rico, que tentava ser depressivo, mas em muitas ocasiões acabava num sarcasmo marasmático e sem qualquer fundamento.
Aqui, Snyder conseguiu mostrar um Bruce Wayne bastante complexado pelos acontecidos de de sua vida e também dos fatos ocorridos em “Man of Steel”, e que decide retomar a vida de vigilante, para “saciar” o seu ódio e sua revolta.
Aliás, uma ressalva que tenho que pôr nesse texto, é que sim amigos, eu fiz as pazes com Ben Affleck. Assim como Ryan Reinalds alcançou sua redenção em Deadpool (depois de ter feito aquela… aquela… “coisa” em Wolverine: Origins e o Lanterna Verde mal renderizado…), Ben Affleck encarnou o personagem de forma que, você nunca mais o verá como o cara que fez o “pior herói do cinema” em Demolidor – O Homem sem Medo (2003).
Por outro lado, aqueles que nunca assistiram ou leram “O Cavaleiro das Trevas” de Frank Miller, podem achar estranho um Batman mais maduro, e que se utiliza de armas pra combater o crime – e até mesmo, provido de um marcador em brasa, para aqueles que “merecem uma punição severa”.
Já, por parte do Superman vivido por Henry Cavill, apenas mais do mesmo que já vimos em “Man of Steel”. Até por que, não podemos esperar nada a mais do homem mais forte da terra. Mas, vemos um lado um pouco mais “humano” (isso soa até estranho quando se fala de um Alien que voa e solta lasers dos olhos) do herói, que por muitas vezes acaba se questionando se ele não é aquele “bode em um planeta de ovelhas”.
Superman é por diversas vezes taxado de ameaça. De ser uma falsa esperança para a segurança da Terra. Mas que encontra conforto ao lado de Lois Lane, e de sua mãe Martha.
Ali, é onde acaba o herói, e temos aquele rapaz do interior do Kansas, que parece não saber se seus poderes são bons ou ruins. Se no fim de tudo, o que ele faz é o certo, ou errado perante os olhos dos humanos que o colocam como “Deus”.
Já um dos grandes alvos de crítica por parte dos fãs, foi a atuação de Jesse Eisenberg como Lex Luthor. E é aqui, que eu gostaria de explanar melhor sobre toda essa polêmica:
A atuação de Eisenberg é realmente muito boa. Nota-se que ele quis trabalhar aquele personagem de uma forma mais icônica e original. Só que é ai que rola uma perda de identidade.
Estamos falando de um filme de Zack Snyder. O cara que prima pela fidelidade da obra original (com alguns toques do seu próprio tempero, claro!), e parece que ele disse à Jesse: “Faça um Lex Luthor do seu jeito, cara!”.
Lex é o tipo de cara que está mais para vilão do Batman, do que vilão do Superman. Sua atuação beira o limite de uma excentricidade misturada ao toque de um Coringa daquela série antiga dos anos 60.
Talvez em um próximo filme do universo DC, teremos algum fator decisivo na vida do personagem que o coloque “menos Coringado”.
Gal Gadot, por sua vez, parece ter sido inserida no núcleo principal, apenas com o pretexto de ser apresentada naquele universo. As cenas em que aparece com Diana Prince, são bastante rasas, e que preparam o expectador para algo maior, que será visto em um filme solo.
Gadot só ganha mesmo o foco na luta contra o vilão Apocalipse – O que não é novidade, se você assistiu aos trailers divulgados pela Warner.
Sobre o filme em si, ele vale o ingresso?
Sim, claro que vale. As cenas de luta que envolvem Batman e Superman são muito bem trabalhadas, e por diversas vezes, vemos um Batman com ódio (coisa que nem Nolan, nem Burton quiseram arriscar em um super herói). Descarregando toda a raiva e disposto até mesmo a quebrar seu código de conduta de não matar.
Por outro lado, é um filme que deixou alguns furos em seu roteiro, e que poderia ter atado todas as pontas que deixou, porém, algumas destas pairaram no ar e acabaram ficando por isso mesmo, sem qualquer explicação, e sem qualquer conseqüência no decorrer da trama.
E sobre àqueles que reclamaram do Apocalipse, eu digo que o grande vacilo, foi ter sido revelado, acabando com o fator surpresa do longa.
Aliás, fator surpresa é o que falta bastante no filme. Em poucos momentos, sente-se aquele “poxa, por essa eu não esperava”. Tudo no fim das contas, parece ser uma reorganização dos trailers.
Mas, uma coisa que fica bastante evidente, é que Snyder abusa do uso de enquadramentos que lembram muito as HQs – isso ficou bastante evidente em 300 – , dando o tom do universo cinza que é típico da DC Comics.
Em suma: Batman vs. Superman – A Origem da Justiça é um filme que agrada fãs, e não fãs de HQs, e do Ben Affleck.
Resta agora saber, é se as produções que estão por vir, seguirão o mesmo estilo, ou poderemos contar com o “fator surpresa” ao entrar em uma sala de cinema.
Sim, Azaghal, pode ficar tranqüilo. Ben Affleck fez a lição de casa direitinho, e merece estar onde está.
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