Existem certas experiências que marcam as nossas vidas: um filme que você assistiu na infância, a primeira namorada, o primeiro beijo, o primeiro amigo da escola, e claro, como tema central, o primeiro jogo jogado, ou o primeiro de uma franquia.
Eu não lembro ao certo, qual foi o primeiro Castlevania que me aventurei (tenho quase certeza de que foi o Vampire Kiss, do SNES, mas enfim…), mas é o tipo da série que carreguei por anos como a minha favorita.
Nem todos os jogos dessa franquia são bons, isso é claro, mas foi o tipo da série que me despertou o interesse em correr atrás de querer saber mais sobre ela.
Revistas, sites e jogos mais antigos moldaram o retrogamer que sou hoje. E devo grande parte desse molde, a Castlevania.
Nesta segunda-feira (26), a franquia comemorou seus 30 anos de existência. Mas infelizmente, grande parte do público deixou isso passar completamente despercebido.
Li algumas homenagens aqui e acolá, mas, Castlevania é mais do que um jogo para se falar bem. Ele foi um marco. Um dos pioneiros e trazer de uma forma simples e honesta, a exploração de ambientes macabros, que em outrora precisavam de um pouco de imaginação, além do que aqueles pixels conseguiam reproduzir.
A franquia seguiu por longos anos com uma receita de bolo ao estilo Super Mario – um enredo que muda muito pouco, mas que era garantia de sucesso.
E dentre tantos títulos bons, é difícil escolher qual deles poderia ser eleito o melhor de toda a série, pois cada um tem sua importância, tanto na história, quanto em inovações gráficas e de gameplay.
Castlevania II: Simon’s Quest é tido como um dos piores da franquia.
Castlevania II: Simon’s Quest é tido como um dos piores dentro da franquia. Porém, o jogo trouxe algumas inovações para a época, como o sistema de transições entre o dia e a noite, interferindo na dificuldade do game (já que os inimigos ficaram mais fortes durante a noite).
Castlevania III: Dracula’s Curse é um dos melhores jogos já lançado para o Nintendo 8-bits
Castlevania III: Dracula’s Curse, trouxe alguns aspectos que deram uma nova identidade a série, contando não com um, mas quatro personagens jogáveis. Cada um, com um sistema de gameplay único, e que em determinadas partes, só se poderia ter acesso com um personagem específico.
Com novas mecânicas, e efeitos impressionantes para a época, Super Castlevania IV trouxe uma nova roupagem para a série.
Super Castlevania IV foi um dos jogos que mais explorou o potencial do Super Nintendo, trazendo uma trilha sonora completamente retrabalhada, além de apresentar uma nova identidade gráfica para a série. Sem contar que algumas fases utilizavam efeitos rotacionais, criando um “falso 3D” que impressionou muito na época de seu lançamento.
Algumas mecânicas de gameplay também foram melhoradas, e implementadas, como o balançar utilizando o chicote, além de ser possível bater em todas as direções.
Com simplicidade, e belos gráficos, “Vampire Kiss” foi um dos títulos marcantes do Super Nintendo.
Já Castlevania: Dracula X ou Vampire Kiss, foi um marco na minha vida como game. Ali, eu descobri toda a maravilha que era esse game. Toda a temática gótica, com belíssimos gráficos 2D, e seguindo a mesma receita de seus antecessores, recheavam os olhos, e me fizeram consumir a série aonde eu pudesse, seja por emulador, seja por outros jogos disponíveis na locadora perto de casa.
Vampire Kiss me fez por um bom tempo, alugar o cartucho, até o final do meu ciclo com o SNes. Sem dúvida, apesar de ser uma versão “capada” de Rondo of Blood, é um game maravilhoso por toda a sua ambientação, trilha sonora e sistema de gameplay.
“Castlevania: Bloodlines” foi o único jogo a desembarcar no Sega Mega Drive.
Partindo em direção ao concorrente da Nintendo, o Mega Drive (ou Genesis), recebeu uma versão exclusiva do jogo. Castlevania: Bloodlines traz dois protagonistas agora: Os caçadores John Morris, e Eric Lecarde. O jogo, segue a mesma vibe dos jogos vistos nos consoles da Nintendo, porém, a jogabilidade com cada um dos personagens é distinta, e que pode fazer o jogo ficar muito diferente, dependendo da sua escola de personagem.
Este foi o único título lançado para o Mega Drive.
É sério isso, mano?!
Após isso, a série ganhou algumas adaptações para o Nintendo 64, trazendo uma nova roupagem, que perpetuou por anos com a alegação de que “Castlevania não funciona em um ambiente 3D“. De fato, o game passou não só por uma repaginada visual, mas trouxe um gameplay (em termos de mecânicas), bastante confuso.
Castlevania 64 foi aquele tipo de game que “foi feito pro console ter algum título”, pois as coisas mais absurdas estavam lá.
Um enredo fraco comparado com seus antecessores. Um personagem principal bem menos carismático do que Simon e Richter Belmont, e caveiras motociclistas…. Sério, mano!?
“Legacy of Darkness” reviveu o tom gótico da série no N64
Mas, apesar dos tropeços do primeiro jogo, o segundo título para o console, Castlevania: Legacy of Darkness trouxe um protagonista melhor (Cornell trouxe a inovação de poder se transformar em lobisomem), mas as mecânicas ainda eram um problema, mas que comparadas ao seu antecessor, acabaram funcionando melhor.
O game era uma mescla de plataforma 3D (ao estilo Mario 64), com exploração e ação.
Hoje uma raridade, “Rondo of Blood” é um dos melhores títulos da franquia.
Talvez o grande trunfo dessa série, tenha sido o momento dele entre o PC Engine e o Playstation one.
Rondo of Blood, a versão “full” de Vampire Kiss, é aquele tipo de game que apenas quem jogou, consegue entender tamanha a magnitude desse jogo. Todas as mecânicas antigas estão presentes, assim como gráficos, efeitos de animação, iluminação e trilha sonora (devido a capacidade do console), trazia tudo aquilo que já era bom, ainda melhor.
Sem contar que o game contava com um sistema de caminhos, onde você poderia encontrar ou não, alguns aliados como Maria, uma menininha com altos poderes que vai arrumar altas confusões (leia isso com a voz do narrador da Sessão da Tarde).
Maria utiliza de algumas evocações que vão desde simples pássaros, passando por gatinhos até o nível de um mega fuckin’ dragão!
Sem contar o fato de que você pode optar por jogar o game com Richter, ou Maria, fazendo todo o trajeto do início ao final do game.
“Symphony of the Night” trouxe os elementos de RPG que perpetuaram na série.
E dando continuidade a este enredo, em 1997, o consagrado Castlevania: Symphony of the Night (conhecido no Japão como Akumajou Dracula: Nocture in the Moonlight) chega para o PSone, e depois recebeu um port com algumas áreas e inimigos extras para o Sega Saturn, além da possibilidade de se jogar novamente com Maria – dessa vez, como uma linda jovem que cresceu, e desenvolveu seus poderes.
Symphony of the Night foi o título que repaginou mais uma vez a série, apresentando um game que seguia a mesma receita, mas que agora contava com elementos de RPG, além de colocar você na pele de Alucard – filho de Drácula, que é acordado de seu sono para impedir o próprio pai de destruir a raça humana.
O game contava com um vasto cenário, além de uma enorme gama de inimigos, itens e equipamentos que podiam ser encontrado ao longo do seu gameplay.
Até hoje, SotN é tido como o melhor título da série, e criou uma nova identidade para a franquia, graças ao mestre Koji Igarashi (conhecido como IGA), que deu um toque que seguiu por mais alguns títulos da franquia.
Castlevania: Circle of the Moon, para GBA
Castlevania: Harmony of Dissonance, para GBA
Após meus longos anos de vivência com o PSone, eu redescobri a melhor forma de se conhecer games novos, tendo pouco recurso: emuladores!
Sim, me chamem de pirateiro descarado! Mas, quem nunca usou um emulador na vida, que atire a primeira pedra!
E foi com o Game Boy Advanced que eu novamente me aventurei nos salões e masmorras do castelo do Conde Drácula, com Castlevania: Circle of the Moon, e Castlevania: Harmony of Dissonance.
E, por algum motivo desconhecido, foram games no qual eu joguei, zerei, e ficaram perdidos em alguma parte da minha mente, pois, não há nada de memorável que possa enaltecer.
Foram dois bons jogos da franquia sim, que até surgiram despretensiosamente no meu catálogo de ROMs. Diria até, que foram dois dos Castlevanias mais difíceis que joguei, por terem mecânicas bastante distintas dos demais, com novos movimentos para os personagens, e também por uma limitação muito grande de quadros em alguns pontos, tornando a experiência bem “hardcore”.
Mas ficam as recomendações, pra quem quer jogar algum título na mesma vibe de SotN no portátil da Nintendo (ou como no meu caso, em emuldores).
Castlevania: Aria of Sorrow
Mas, falando em GBA, é impossível não citar a “masterpiece” da série para o portátil. Castlevania: Aria of Sorrow novamente, foi um daqueles capítulos que trouxe muitas novidades. Além da exploração e do gameplay serem melhores que seus antecessores no GBA, o game ainda trouxe um enredo muito interessante, onde assumimos o papel de Soma Cruz, um jovem rapaz que, após um eclipse total do sol, vai juntamente com sua amiga Mina, para dentro do castelo do Conde Drácula, que estava aprisionado neste eclipse. Lá, Soma acaba descobrindo que possui uma habilidade um tanto incomum: ele pode absorver a alma dos inimigos, ganhando habilidades como arremessar ossos, transformar-se em monstros, ou ganhar algum tipo de bônus em seus atributos.
O jogo segue a fórmula de RPG abordada em SotN, mas ganhamos alguns extras, conforme as almas que estamos utilizando.
Elas se dividem em 3 tipos:
Vermelha – Almas de ataque
Azul – Almas que nos dão algum tipo de habilidade única
Amarela – Bônus de atributos
Há também as Almas Cinzas, que são algumas habilidades que conseguimos ao derrotar chefes e algum tipo de inimigo raro. Dentre elas, estão o pulo duplo e a rasteira (ou slide).
O jogo também conta com alguns finais diferentes, dependendo de qual linha você seguiu (mas isso eu não posso revelar, pois seria um grande spoiler do jogo).
Castlevania: Chronicles – remake do primeiro título, lançado para PSone.
Aqui, eu abro um adendo para um jogo que não é necessariamente um novo título, mas que também teve sua importância: Castlevania Chronicles, do PSone. Um remake do primeiro título da franquia, que utiliza o mesmo sistema de jogo, porém, com gráficos mais bonitos. Foi aquele tipo de jogo que passou bem despercebido, e que poucos se aventuraram, visto que a dificuldade (e alguns problemas do título original), se mantiveram intactos.
Após um longo período sem experimentar nada de novo na série – e acabar deixando os games de PS2 de lado – , eis que eu me reencontro com a franquia em Castlevania: Lords of Shadow. Para a minha surpresa, foi aquele tipo de jogo que eu não esperava tanto, e que acabou sendo um dos títulos mais marcantes pra mim, na era do PS3.
O sistema de gameplay seguia muito aquela receita de bolo do “vovô Kratos”, em God of War. Com ação frenética, quicktime events (ou APERTA A P*RRA DESSE BOTÃO NA HORA!), e chefes épicos (com direito até uma referência a Shadow of the Colossus).
Lords of Shadow foi o reencontro da franquia com o 3D
No jogo, encarnamos Gabriel Belmont, um caçador de monstros que está atrás de dois artefatos para trazer sua esposa de volta à vida.
O game alem de contar com um enredo bem interessante, tem um dos finais ao estilo Plot-Twist mais sensacionais que eu já vi em um jogo. Sério, é algo que realmente na época, me deixou muito animado por uma continuação.
Esta que veio depois, e que por algum motivo, deu muito ERRADO. Lords of Shadow 2 tinha tudo para ser uma continuação à altura do primeiro jogo da nova saga, mas como diria o nosso querido Fausto Silva: Erroww!
Lords of Shadow 2 não agradou tanto quanto seu antecessor.
LoS2 traz Gabriel novamente como protagonista, dando uma continuidade direta aos eventos que encerram o primeiro jogo.
O problema aqui, é que o sistemas de combate, a qualidade gráfica, a trilha sonora, os segredos, tudo isso foi mantido. Mas alguém deve ter tido a brilhante ideia de querer mesclar uma série sobre vampiros, com Metal Gear Solid, e o jogo ganhou um sistema HORROROSO de stealth. Sério! É medonho!
Sem contar que muitos dos puzzles do jogo, você só resolve dessa forma. E o pior: alguém na Konami viu, e pensou: “Gostei! Pode colocar um monte disso ai!”
Se o primeiro jogo, foi memorável, o segundo foi de longe, DEPLORÁVEL!
Portrait of Ruin, é uma continuação (in)direta de “Bloodlines”, lançado para o Mega Drive
E, encerrando a minha trajetória, eis que esbarro nos títulos do Nintendo DS. Começando por Castlevania: Portrait of Ruin, que trouxe um novidade interessante: a alternância e cooperação entre os personagens Johnatan Morris (filho de John Morris, de Castlevania: Bloodlines), e Charlotte Aulin, uma menina que utiliza livros de magia para atacar seus oponentes.
O game trazia um castelo bem menor do que o visto em games passados, mas com uma novidade: algumas das áreas principais, só eram acessíveis através de quadros, que levavam os personagens até uma área externa, ou outros ambientes ao redor.
O sistema de gameplay, é o mesmo abordado originalmente em SotN, com elementos de RPG e inventário. A diferença é que, alguns golpes podiam funcionar em conjunto com o seu parceiro, e você podia trocar de personagem quando quisesse.
Dawn of Sorrow continua a trama de Aria of Sorrow, do GBA.
Depois, eu redescobri a continuação direta de Aria of Sorrow. Castlevania: Dawn of Sorrow é de longe, um dos melhores títulos para o Nintendo DS já lançados.
Apesar do jogo ter vindo em uma época em que a novidade do console, era a tela touch, e você ter que utilizar de selos para vencer os chefes, ele consegue trazer muito bem, o sentimento de exploração e de revisitar alguns pontos do mapa, após uma habilidade ser conseguida.
O sistema de almas permaneceu, e o jogo também trazia gráficos belíssimos para um título em 2D. Muito bem adaptados, e que conseguem transpor todo o sentimento gótico da série.
E finalizando, concluo a minha “tese em Castlevania“, com Order of Ecclesia, um dos títulos mais obscuros dentro da franquia, e que junto com DoS, se encaixa no parâmetro de melhores games para o portátil.
Order of Ecclesia traz a protagonista Shanoa, uma moça que possui o dom de absorver alguns selos deixados por inimigos, e estes, serão usados como armas em diversas combinações, que podem melhorar ou piorar o seu equipamento.
Order of Ecclesia conta com uma protagonista mulher, além de trazer side-quests para a trama.
O jogo também apresenta uma dificuldade alta, que pode fazer com que o jogador, caso não meça bem seus ataques e investidas, tenha um rendimento bem pequeno.
Além disso, o jogo ainda conta com um sistema de side-quests, onde você pode fazer alguns favores aos moradores da vila principal, ganhando itens e recompensas para melhoras a sua aventura.
É engraçado pensar que uma série tão presente em outros tempos, hoje se faça tão ausente na indústria.
A Konami acertou muito no passado, mas parece ter errado a mão, no que diz respeito às novas tecnologias, não conseguindo manter a franquia viva no coração dos fãs, que tiveram que se adaptar com “Castlevania: Judment”, lançado para Wii, sob a forma de um jogo de luta (e que graças a Deus, pude ficar bem longe!).
Castlevania merece toda a nossa atenção, pois, foi uma franquia que explorou o gótico, em uma época em que pixels não eram o suficiente, para adentrarmos em uma temática. Só com um pouco mais de imaginação, é que podíamos elevar essa experiência.
Assim como muitas franquias de sucesso – até mesmo de outras companhias – , Castlevania reside em seu caixão, em algum porão empoeirado da antiga Konami que todos nós aprendemos a amar. A grande pergunta que fica é: Quando será que novamente, Conde Drácula irá nos surpreender, e teremos que pegar nossa água benta e chicote para aquietá-lo?
Talvez um dia… Ou em uma “terrível noite para se ter uma maldição”.
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