Para quem não sabe, Skullgirls foi um dos projetos mais ousados em termos de games de luta e, arrisco dizer, games independentes no geral. Jogadores veteranos e renomados membros da comunidade de entusiastas de game de luta se juntaram, conseguiram excelentes artistas e animadores e criaram um game de luta de gamers para gamers.
http://youtube.com/v/nRj5x7AaJW8
E nada de game minimalista 8-bit. Os sprites são verdadeiras obras de arte (em termos de resolução e movimentos, em alguns pontos são SUPERIORES aos já incríveis sprites de BlazBlue e KoF XIII), a trilha sonora é caprichada, assim como a dublagem, os sistemas do game são avançados, e ainda assim amigáveis a iniciantes (o tutorial é ÓTIMO e os desenvolvedores não tiveram vergonha NENHUMA de dizer qual a natureza de cada personagem em jogo. Um dos primeiros tutoriais in-game que vejo explicando que personagem é de rushdown ou zoning) E o game possui uma penca de sistemas para deixar uma partida sempre com chance de reviravolta (até um sistema de prevenção de combos infinitos! APRENDE CAPCOM!). Tudo coroado com um dos MELHORES netcodes já criados (GGPO) melhorando sua jogatina online.
Mas fora isso, o que mais chama atenção no game é o estilo. A obra emana personalidade, e mesmo tendo DIVERSAS inspirações, citações, easter eggs e outras coisinhas do tipo, ele nunca perde a originalidade. Cada personagem foi trabalhado até o último pixel para que não exista nada do tipo “ryu/ryu vermelho/ryu preto do mau/fail ryu rosinha/ryu amarelo com bola de basquete”. E mesmo comparando eles com outros personagens, séries e franquias surgem surpresas interessantíssimas.
Um exemplo é a Peacock. QUANTAS VEZES você já viu um personagem de games de luta inspirado naqueles desenhos antigões do tex avery (os clássicos do cartoon network) e Walt Disney?
http://youtube.com/v/QYlqHDqwNRo
Ou um personagem cujo grande diferencial é jogar a cabeça fora e continuar usando ela na luta?
http://youtube.com/v/iqZdAMV8YXk
Mesmo BlazBlue, que fez o possível para criar personagens únicos não criou um elenco tão criativo.
Claro, ele tem seus pontos fracos. O orçamento baixo e falta de tradição deixou algumas áreas com pouco polimento (os cenários, apesar de lindos, são pouco animados e o story mode não possui dublagem), além do seu “defeito” mais marcante: falta de personagens. O game possui apenas oito no momento, e levando em conta que as batalhas podem ser jogadas em times, você pode descobrir o básico de metade do elenco em pouco tempo. Claro, se tu lembrar que a maioria das franquias de luta financiados por megaempresas de games começaram com pouco mais que isso, e que Street Fighter já conta com pelo menos uns sete games válidos de estrada pra colocar trinta e poucos lutadores no SF4, eles saíram muito bem.
Enfim, eu digo e afirmo para quem quiser. Esse game, nos seus quinze dólares de preço na PSN ou Xbox Live, vale MAIS do que os sessenta dólares cobrados pelos games de franquias consagradas. O conteúdo pode ser menor em termos gerais, mas se for trazer todos à mesma altura e comparar, sua grana traz MUITO mais conteúdo e QUALIDADE por centavo investido do que a maioria dos outros (eu ponho como exceção blazblue e seu esforço épico para criar personagens carismáticos e um enredo complexo e Mortal Kombat no seu reboot triunfante).
Mas nem tudo são flores. Devido a uma série de problemas internos com a publisher, o time que fazia Skullgirls foi pra rua e perdeu todo orçamento pra continuar trabalhando no game.
MAS NÃO DESISTIRAM! eles fundaram a própria empresa para continuar cuidando do game. Eles têm planos, e querem fazer esse game crescer tudo o que ele merece.
http://youtube.com/v/ZdSIDK_HA-4
E para isso eles precisam da sua ajuda.
Se eles atingirem os objetivos com a campanha, eles vão deixar os personagens criados gratuitos por 3 meses como agradecimento à comunidade como um todo e depois vão à preço normal de US$ 5,00.
Mesmo assim, à partir de 30 dólares tu ganha acesso à versão beta para PC (que conta como vantagem rodar em máquinas menos parrudas. game atual, competitivo, divertido e de qualidade no seu notebook).
Eu vejo uma pá de gente reclamar das cagadas que empresa grande faz (eu sou um desses), e é raro ver alguém pequeno fazer algo REALMENTE bom, ser reconhecido e continuar peitando todas as adversidades para fazer a obra ser mais do que um lampejo num céu escuro.
Para aqueles que defendem que o desenvolvimento de games se torne algo mais “humano”, são fãs de games de luta ou simplesmente reconhecem uma boa obra, esses caras merecem suas pratas. Mais do que muito game triple A por aí.
Pra encerrar um vídeo da Valentine porque não existem muitas enfermeiras-ninja-caolhas no mundo dos games (and she’s hot)
http://youtube.com/v/uGcthUG4Dbw
Créditos do Texto para Rafael “Duke Magus” Ourique.