Imagine uma grande estrada trilhada por duas das maiores Softhouses dos anos 90: Nintendo e Squaresoft. Ambas estão na mesma estrada, mas em caminhos opostos. De um lado, temos a gigante nipônica dos RPGs em seu auge, lançando títulos e mais títulos de qualidade, enquanto no lado oposto, temos o encanador gorducho mais famoso dos videogames: Mario, em seu auge como escolha de game da molecada do bairro.
De repente, a colisão. BUM! Ambos se esbarram e desse “acidente”, nasce talvez um dos RPGs mais memoráveis de 1996: Super Mario RPG: The Legend of the Seven Stars. Um RPG simples, mas que trouxe muitas inovações tanto gráficas, quanto de mecânica de jogo para a época do SNES. Vamos entrar no cano, e ver o que nos aguarda nesse mundo cheio de cogumelos, estrelas, e Role Playing Game.
Personagens velhos e novos, história manjada e cheia de coisa nova.
Bom, a história segue aquela coisa já manjada do Super Mario e de toda sua saga. Mas já no inicio do game, você nota uma diferença gráfica muito superior. Pois, os gráficos estão em um padrão totalmente em 3D. Essa pode ser considerada a primeira aparição do bigodudo em um ambiente tridimensional.
Após o rapto da princesa Peach (Toadstool) pelo vilão Bowser, Mario sai em disparada até o covil do monstro. Aqui já temos uma ideia de jogabilidade. Ao entrar no castelo você já se depara com alguns inimigos e a mecânica de batalha é apresentada ao jogador.
Você tem 4 tipos distintos de comando. Com o Botão “B” você ativa a defesa ou foge da luta. Com o botão “Y”, você tem os ataques especiais, como bolas de fogo, saltos (que consequentemente, causam mais dano). Com o “Y”, você ativa o menu de itens, para recuperar HP, MP, ou ativar “habilidades” especiais que vão sendo destravadas no decorrer do game, e o botão “A” usa-se o ataque comum, com a arma equipada.
Após Mario ir até a sala do grande rei dos Koopas, uma batalha contra o vilão é travada em plenos lustres pendurados no teto. Vencendo-o, Mario acaba “salvando” novamente seu carma chamado Toadstool. Mas algo estranho ocorre. De uma nuvem do céu, uma gigantesca espada desce, sento cravada no meio do castelo de Bowser. Mario então precisa circular todos os cantos do mundo para chegar até o outro lado do castelo e por fim nessa nova ameaça que assola o reino dos cogumelos.
O mais interessante desse game, além do fato de pôr Mario em um RPG, é os companheiros de aventura do baixinho. Muitos poderiam imaginar na época que certamente seu irmão, Luigi, marcaria presença no game. ERRADO! O jogo mostra dois novos personagens que infelizmente nunca mais deram o ar da graça em outros títulos da Nintendo. Um deles é a nuvem de calças complexada Mallow. Mallow na verdade é adotado, pois foi encontrado em uma cesta boiando no rio, e foi adotado pelo sapo Frogfuscious.
Temos depois o misterioso boneco Geno. Geno é a materialização do espírito guerreiro da Star Road e veio até o mundo de Mario para resgatar as sete estrelas que caíram e finalmente estabelecer a paz no reino.
Esse foi um dos primeiros games (se não o único) no qual você vê Mario, Bowser e Peach juntos, sem haver qualquer desavença. Os dois são integrados ao grupo no decorrer da aventura. Cada um com golpes mais malucos que o outro. Por exemplo: Existe um dos equipamentos de Bowser que consiste em arremessar Mario no adversário. Assim como uma das armas de Peach é uma frigideira.
O Verso do Inverso
Uma informação que vale ressaltar aqui e que pouca gente sabe, é que na época que o game foi lançado, o cartucho vinha com uma das mais peculiares formas de “anti-pirataria”:
Caso você, amigo nerd dos anos 90 não saiba, o Super Nes tem (ou tinha, vai depender se você é saudosista como eu e tem o console a disposição) sim, uma forma de desbloqueio que consiste na dessolda de uma das conexões (ou simplesmente chamada “perna”) de um chip EEPRON da placa lógica do videogame, sendo possível jogar qualquer cartuchinho, desde o original até aquele comprado do camelô (PIRATARIA É CRIME, SEU LAZARENTO!).
Mas tio Femto, o que isso tem a ver com Mario RPG?!
Bom, acontece que a leitura do cartucho era feira por esse EEPRON de perna levantada para o chip soldado no cartucho, e com esse truque, o código de identificação do cartucho passava batido.
Mas Mario RPG surpreendeu pelo seguinte: Caso seu videogame tivesse esse macete, simplesmente o cartucho não funcionava. Isso por que o processo de leitura do chip era feito de forma inversa: O chip soldado na placa do cartucho era responsável pela leitura do EEPRON da placa lógica do SNES, e caso o mesmo estivesse com a leitura de código em aberto, o cartucho travava e não permitia sua leitura.
O mistério de Culex e a sátira dos Axel Rangers
Pouco se sabe sobre esse estranho ser que vive em Monstro Town, mas temos um denominador comum em tudo isso: Culex é o chefe mais difícil do game. A estratégia para se derrota-lo é algo que não vai bastar horas apenas jogando o game.
Culex é um poço de mistério. Pois ele é o único chefe que tem o Sprite (não o refrigerante, mas o “bonequinho” que o representa) em 16bits, como em um game do Final Fantasy. Após a longa e dura batalha, Culex diz que um dia retornará para uma revanche, mas após o lançamento do game, a Squaresoft nunca o incluiu em nenhum dos seus títulos. E muito provável não o fará.
Temos também na mesma vila, o ser mais pega-ratão do mundo dos games: Jinx. Jinx é o monstro que você olha, ri, subestima, toma um cacete, e corre para a mamãe. Jogue o game e tire suas conclusões. Mas não pode chorar, hein?!
Temos também no game, uma das mais notáveis sátiras com os heróis-sem-sangue. Sim, me refiro aos Power Rangers, mas aqui eles aparecem como seres do mal, mas que fazem durante a batalha, muito mais bonito do que os heróis da TV. Ponto para os temíveis Axel Rangers!
E a luz da estrela se apaga
Eu poderia ficar aqui horas e horas falando sobre esse mega título. Pessoalmente, eu guardo esse game com muito carinho, em minha mente, minhas lembranças de infância, e no meu armário, pois gosto de reviver esses momentos intensos que passei ao lado desse grande jogo.
Alguns jogos no mesmo estilo, trazendo Mario com uma ação/RPG tentaram, mas nenhum deles marcou como Super Mario RPG: The Legend of the Seven Stars. Espero que um dia, quem sabe, a atual geração receba um RPG tão bom quanto este foi, e que nos traga o bigodudo mais uma vez, salvando o mundo, fora da sua rotina de salvar seu carma!
Texto: Vinícius “Femto”.